• ÁS VEZES ALEGRIA, OUTRAS VEZES TRISTEZA, MAS SEMPRE MULHER...

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Uma tempestade...



Ela esteve  quieta e pensativa o dia todo.
Sentia o cheiro da terra molhada e os pingos escorriam pela janela.
Tudo parecia tão calmo, tão harmonioso.
Ela  queria deixar, aquela  sensação de paz ,invadir por completo o seu
coração.
Respirou fundo e deitou-se por cima da cama, abraçada a almofada.
Pela janela mal fechada, vinha um vento fresco que tocou levemente
a sua face. Arrepiou-se.. olhou pela vidraça, a chuva continuava a cair
intensamente e o vento soprava cada vez mais forte.
Ela disse para ela mesma,"que vento forte, parece que me quer dizer
algo"
Mas que lhe poderia dizer o vento?
Nem ela mesma sabia responder.
O vento sussurrou novamente, mas ela não falava a língua dos ventos.
 Resolveu ,   fechar a janela e voltar para a cama, aninhada nas
mantas quentes perdeu-se  em pensamentos, e palavras que ecoavam
na sua cabeça, "não podes  ficar agarrada ao passado,chega de percorrer
ruas sem saída e atravessar pontes que te levam a lugar  nenhum."
Dentro daquele quarto estava o maior dos seus segredos , só
aquelas  paredes eram cúmplices de tal mistério .
Aquela menina que sonhava em ser mulher, hoje queria apenas voltar a
ser  menina e ter um colo para se aninhar.
No rádio a musica tocava baixinho ,ela fechou os olhos e pensou que
estará ele a fazer neste momento...
Acabou por adormecer!
O sono foi interrompido duas horas  mais tarde pela trovoada que se fazia
sentir.
Ela acordou assustada, não sabia muito bem que horas eram, olhou
para para o relógio , 17.horas e já estava de noite.
Aninhou-se de novo e recordou o seu sonho.
Pela primeira vez  sonhou com ele, talvez porque se deitou com ele
no pensamento!
Sonhou que ele a abraçava tão forte que conseguia sentir as batidas
do seu coração.
Foi tão real e ao mesmo tempo tão estranho, que ela
 não conseguia perceber  o que aconteceu ,pois  acordou com
o  coração descontrolado.
Era como se ela  pudesse senti lo ao seu  lado.
Ela  tentou  voltar a dormi, mas não conseguia parar de pensar nele!
Dentro dela  começava a nascer um sentimento desconhecido.
É muito difícil transformar os sonhos  em palavras.
Como descrever o que parece não ter lógica?
Sem respostas para a vida e tentando ver  alguma solução para acalmar
 um coração e uma mente que já queimou todas as  fotos e lembranças
do passado.
Ela prometeu a si mesma que iria começar a viver !
No fim daquela tarde fria , sobrou apenas ela e as gotas grossas.
Gotas que feriam o seu corpo com uma  intensidade feroz.
A trovoada ouviu-se  de novo,a sua "voz" grossa ecoava pelo quarto.
Ela sentiu medo!!
As folhas voavam e cantavam ao som da chuva.
Talvez a tempestade conseguisse,ouvir os pensamentos dela.
De repente sentiu-se triste e chorou.
Ela não compreendia o choro, ela não ouvia o choro. Mas sentia.
Um pobre coração decorado por ela poisava na mesa de cabeceira , ela
agarrou nele, beijou o  lentamente e apertou o junto ao peito!
O som forte da trovoada estremeceu  de novo o  seu corpo, uma luz no
céu, cortou o horizonte negro e iluminou o quarto.
Ela olhou para o coração  e pensou :Calma é apenas uma tempestade...





Hoje fui buscar lá no cantinho do coração, aquela alegria da menina que
 ria por nada, só porque era feliz...

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Bailarina...


As vezes sinto que sou uma  bailarina.
É como pisar em falso, com medo de tropeçar.
Tenho que andar na ponta dos pés, com cuidado, com delicadeza.
Mas hoje vou andar descalça e espero estar pronta para dançar.
Quero dançar a dança da vida, com cuidado e com cautela mas sempre
sorrindo, tentando esquecer que o próximo passo pode ser rápido demais
e estragar a dança.
As vezes temos momentos  que qualquer palavra, qualquer passo pode
mudar o sentido da dança.
Noites de insónia e dias de tormento , neste bailado de sentires.
Eu passo a noite a observar o som do silêncio, as vozes sombrias das
almas que vagueiam  por ai, vozes serenas e amedrontadas , abro os
 olhos e vejo tudo negro.
Nesta escuridão ,fico acordada a pensar nas pessoas que cruzam a minha
vida,as luzes das casas estão todas apagadas e as cidades dormem
enquanto eu danço e balanço ao ritmo do meu sentir.
Tudo dorme e eu mantenho-me de olhos abertos, meia perdida a espera
que uma alma se lembre de mim e me venha visitar.
Quando a lua nasce no céu e as lâmpadas todas se apagam é só ela com
o seu brilho que ilumina os sonhadores como eu.
Sinto me sozinha, tão vazia, sinto como se as pessoas me tivessem
esquecido  aos poucos.
Por um lado seria bom, assim não me sentia um peso na vida delas
 mas por outro, vem a saudade que não me deixa em paz, e me perturba
 todos os dias.
Eu queria  desaparecer da vida de muitas pessoas sem sentir falta delas
sem ter que me preocupar, mas eu não consigo.
Queria simplesmente desaparecer não por não gostar das pessoas, mas
sim porque sinto que elas não gostam verdadeiramente de mim.
Neste palco sem luz  eu danço com cuidado para me equilibrar .
Um, dois, três e quatro, dobro a perna e dou um salto, viro e reviro e
se cair, conto até dez e estou pronta para recomeçar.
Não me importa se as pessoas, dão demasiada importância , ao local
de onde vim , ao que tenho , se gostam da minha cor de cabelo
dos meus olhos da minha pele, do meu corpo.
O que realmente me importa é que as pessoas gostem de mim pelo
que sou, e não pelo que aparento ser.
Um simples olhar, um simples sorriso, um simples gesto pode mudar
 um sentimento, pode mudar um pensamento e uma simples
 palavra pode mudar a importância das pessoas na nossa vida.
Uma simples palavra  faz me sorrir, e uma simples palavra  faz me chorar.
Doí-me as pernas , por dançar sempre na ponta dos pés, sempre com
medo de cair, mas hoje danço sem medo porque sei que quem realmente
gosta de mim, não me abandona a meio de uma dança...
Sou a bailarina da minha história ,visto-me de luz e danço todo o dia.
De noite neste palco da vida, desnudo-me para a lua  e conto segredos
e desejos onde eu serei sempre a estrela principal.
Em cada passo criei cores inventei fantasias, vivi amores que sonhei
enchi os olhos de alegria, ao dançar para alguém que simplesmente
 nunca soube que eu dançava.
Amanhã refaço os meus passos e começo uma nova dança...


sábado, 17 de novembro de 2012

Chove intensamente...



Esta noite vou-me deixar ficar assim, sozinha.
Vou-me deixar afogar pela chuva que cai lá fora e que inunda
o meu quarto.
A nostalgia de um dia em que a chuva deposita a sua música e o seu
frio, mesmo no meio do meu coração.
Ouvir a chuva lá fora,arrepia-me a alma ,sinto-me naufragar na
saudade e  morrer pelo amor.
Se eu pudesse dançava em silêncio, uma dança na chuva para te
trazer até mim, com leveza...
A mesma   leveza de quem a ouve em silencio e se aconchega no sofá
com mil cobertores e roupa quente e fofinha, acompanhada de um chá .
Ouvir a chuva lá fora  causa em  mim uma sensação de impaciência
é como se a nostalgia se instalasse aqui e se sentasse, invisível, numa
cadeira, ao meu lado.
Depois de vários dias de seca,o meu coração chorou,ouvindo a chuva
mansa que cai, lá fora e eu sou grata por isso.
O afastamento  é um monstro,que estrangula, mas não mata!
Chove  com a mesma intensidade lá fora e no meu coração.
Esta chuva nem me deixa ao menos adormecer,nem mesmo
acalmar a falta que sinto de ti!
Não consigo fazer um verso, nem fantasiar um amor singelo
chuviscam,gotas ensurdecedoras no meu coração.
Chuva, vem chove aqui dentro de mim, chove chuva chove  e lava do meu
coração  esta saudade que me invade.
Sou livre, e quero voar com as minhas próprias asas,sem olhar para trás
 sem ter medo de cair.
Nem medo de trilhar  novos caminhos, para  alcançar o horizonte!
Sozinha  no meu mundo, voando em céus desconhecidos ,sobre mares
secretos e ruas desconhecidas.
 Fechada em mim e no meu sonho, o meu voo pelo infinito  alcança a
brisa do teu perfume. que me arrepia e faz sonhar
Como um rio que corre, faço do teu corpo o meu caminho…
Desaguo  em ti, traçando as linhas do meu corpo no teu.
Sigo por entre vales e arrepios, recortados na tua pele e lá ao longe
no horizonte do teu olhar, encontro um porto seguro.
Se te pareço misteriosa e imperfeita , olha-me de novo!
Porque esta noite olhei para mim, como se tu me olhasses, com doçura
desejo e  profundidade.
Os meus braços prenderam, mais do que o teu corpo, as minhas
pernas desejaram mais que todo o teu sentir.
A minha boca não te pediu para ficares, mas os lábios tocaram te ao de leve
numa  caricia suave, como o voar de uma gaivota,  a pele arrepia-se...
Os sentidos são levados ao extremo e o corpo cede com a sensualidade do
 toque.
 A respiração ofegante como um sopro que pinta um desejo no meu pescoço
desenha o  beijo, que segue as linhas imaginadas na tua boca e tudo pára
 por um momento...
Todas as sensações se tornam traidoras  de mim mesma ao mostrarem o
quanto me envolves,o quanto me sentes!
A língua que percorre os teus lábios e devagarinho entra na tua  boca
é apenas uma valsa onde as bocas se unem , se entregam á descoberta.
Dança sensual onde o teu gosto se transforma no meu.
Os olhos fecham-se...
O mundo é apenas  os contornos do nosso corpo , o cheiro da tua pele
que adere a minha, a textura macia na ponta dos meus dedos, o meu
corpo envolve-te e és parte de mim!
Uma mão macia, dedos suaves  a roçar  os meus seios, expostos ao teu sentir...
 Exploradores de sensações que me fazem descobrir a magia da entrega!
Abraço sem principio nem fim, emoções que nascem, morrem e voltam a
nascer com mais força, mais intensidade.
Sentidos que me fazem perder a noção do tempo e fico  presa a ti neste
momento de chuva .
Devagarinho, salpicando ternura por onde passo, deixo carícias sonhadas
que se perdem em cada recanto teu!
O beijo doce reinventou o anoitecer, deixei-te entrar nos meus sonhos
para sentires o que provámos.
Neles estão contidas situações de alegrias,  de vida, de amor.
E acontecem independente da decisão ou da vontade.
Neles sempre estivestes, sempre estarás como a mais terna e doce
 realidade!

Beija-me, suavemente com ternura,corre sem pressa a minha boca,toca
devagarinho os meus lábios , sente a textura , a maciez o sabor...
Sou rio que corre em tua alma onde a minha se entrega a tua…

sábado, 10 de novembro de 2012

Castelo de Pedra




Certa  noite eu  olhei  para o céu.
E  pude ver a lua a iluminar o meu futuro.
Sorri, o  meu passado ficou coberto por um véu,e a minha dor foi
 presa num castelo de pedra.
Voltei a olhar  a lua e encantei-me,colhi estrelas que desapareceram
em segundos.
Não vi as horas passar...
Hoje, estou  sozinha no meu castelo assombrado, por mim mesma.
Há anjos aqui,mas eles não me podem  ajudar!
Sinto-me  acorrentada aos meus medos!
Ninguém me pode salvar nem trazer-me uma nova vida ...
Dentro do  meu castelo de pedra, que formei para ninguém entrar
Estão marcas de muitas noites,as paredes são cúmplices e as lágrimas
 companheiras das fugas de mim, mesma .
Aqui no meu castelo, vagueio  eternamente pelas sombras que me
 perseguem.
Preciso salvar-me de mim mesma, da solidão que me embala,do vazio
que ficou a minha vida e o meu coração...
Estou tão assustada , porque tu não estás aqui.
Estou assustada porque preciso de ti, para respirar tranquilidade
Sinto que ainda existe vida dentro de mim, salva-me antes que acabe.
Deitada na  minha cama,o meu  único prazer são os meus sonhos
É  neles que tu  habitas ...
São eles que activam cada gota do meu sangue e me dão força para
continuar.
Há certas coisas que não sei explicar ...
Apenas oiço  o silencio que grita dentro da minha alma e sei que não
 estou sozinha.
Sinto um arrepio que percorre todo o meu corpo,aqui está tão escuro.
Acostumei-me a sentir a dor a corroer-me  suavemente , tanto que o
 que mais me dói, é também o que mais me fortalece.
Aqui no meu castelo frio e escuro , não posso confiar nem nas estrelas
 nem nas sombras.
As minhas palavras não passam de rascunhos, que o tempo irá apagar,
ao menos isso ele faz...
Mas palavras nunca são só palavras,  palavras são dúbias e podem magoar
sem intenção.
Querer alguém não é pecado, pecado é querer ter posse,só se admite posse
 de coisas e por mais que as pessoas se desprezem, são humanos, não coisas.
O que eu sinto, as vezes não sei, não calculo os meus actos e não mando
no  meu coração.
Quem eu sou?
Óptima pergunta,sou tudo e não sou ninguém!
Mas as marcas no meu peito, nem o tempo nem as palavras jamais cicatrizarão
São feridas abertas a sangue frio.
Se puderes atenua as minhas dores e acalma o meu coração.
Eu não vejo o teu rosto, nem sinto a tua presença mas sei que se
pudesses seguravas o meu ultimo suspiro.
Acorrentada aos meus desejos,não posso suportar apenas sonhos
Não sei fingir emoções, não sei esconder o que sinto,não sei falar do que
nada me diz.
Só sei que quero sair deste castelo frio, escuro e misterioso que me faz
desconfiar , que seja justamente neste estranho encontro, com o
desconhecido de mim  que eu surja de verdade...




Eis aqui aquilo que a minha alma tenta muitas vezes dizer
Poesia é o que me sustenta, musica é o que me preenche
Vivo porque o instante existe e o Amor
é o remédio da minha Alma